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“THE MOON: SOBREVIVENTE” – Um vislumbre promissor do cinema coreano

Em tempos em que o cinema explora o espaço com frequência, THE MOON: SOBREVIVENTE surge como mais uma tentativa de marcar presença em um terreno já bastante trilhado por grandes produções do gênero. O filme abraça a ambição de misturar ficção científica com drama humano, buscando equilibrar emoções e surpresas em meio a uma narrativa que, embora promissora, carece da originalidade necessária para realmente se destacar. Apesar de tropeçar em clichês e em uma abordagem que por vezes parece previsível, a obra ainda consegue oferecer vislumbres notáveis do potencial do cinema coreano, especialmente ao aliar boas atuações a um trabalho visual impactante que captura a grandiosidade do espaço.

Em um futuro próximo, no ano de 2029, a Coreia do Sul dá um passo audacioso ao lançar a sonda Woori em uma missão lunar histórica, que rapidamente se torna um símbolo de orgulho nacional e atrai a atenção de todo o mundo. O projeto, planejado para ser um marco na exploração espacial do país, enfrenta uma série de desafios inesperados que ameaçam não apenas o sucesso da missão, mas também a segurança e a vida dos envolvidos. Enquanto a equipe terrestre e os astronautas trabalham contra o tempo para superar os obstáculos, dilemas éticos, emocionais e tecnológicos emergem, testando os limites da resiliência humana, da inovação científica e do senso de responsabilidade diante do desconhecido.

(© SATO Company / Divulgação)

Dirigido e roteirizado por Kim Yong-hwa, “The moon: sobrevivente” apresenta uma produção visual robusta, com destaque para a fotografia impecável de Young-Ho Kim. As cenas na superfície lunar são visualmente deslumbrantes, capturando com precisão a vastidão e o isolamento do espaço. Cada quadro é cuidadosamente construído, oferecendo uma experiência visual que remete à solidão e ao mistério do cenário extraterrestre. No entanto, o mesmo cuidado não se aplica uniformemente ao CGI, que, embora funcione bem em algumas sequências, falha em outras, evidenciando limitações técnicas que comprometem certos momentos cruciais da narrativa.

O roteiro, no entanto, é o elemento que mais enfraquece o filme. Embora Kim Yong-hwa consiga criar um cenário promissor, a tentativa de introduzir dramas pessoais conectados ao passado dos personagens acaba diluindo a narrativa. A história não consegue atingir a profundidade emocional desejada, tornando o drama humano pouco convincente. Isso prejudica a conexão com o público, que já está habituado a obras do gênero que exploram temas similares com maior precisão.

No papel de Hwang Seon-woo, Do Kyung-soo entrega uma performance sólida, equilibrando com habilidade a vulnerabilidade e a determinação exigidas pelo personagem. Sul Kyung-gu, por sua vez, interpreta Kim Jae-guk com uma presença marcante, trazendo força e humanidade na medida certa para sustentar o peso dramático da história. Já Kim Hee-ae, como Moon Young, contribui positivamente para a trama, embora a construção de sua personagem pudesse ter sido mais aprofundada, aproveitando melhor seu talento.

Outro ponto que merece menção é a trilha sonora, que desempenha um papel crucial na construção do clima de tensão e mistério indispensáveis a uma obra desse tipo. Com composições cuidadosamente orquestradas, a música funciona como um complemento às emoções dos personagens e aos momentos de ação, intensificando o impacto dramático das cenas. Embora não seja memorável ou inovadora a ponto de se destacar fora do filme, sua integração ao enredo é eficiente, contribuindo para imergir o público nos dilemas e desafios enfrentados pelos protagonistas. É uma trilha que, mesmo sem reinventar o gênero, adiciona uma camada essencial à experiência cinematográfica.

No fim, “The moon: sobrevivente” reafirma o potencial técnico e artístico do cinema coreano, evidenciando sua capacidade de entregar produções visualmente marcantes e tecnicamente bem executadas. No entanto, a obra tropeça em sua tentativa de oferecer algo verdadeiramente único, apoiando-se em convenções já exploradas por filmes renomados do gênero e deixando a sensação de que poderia ter ido além. Apesar disso, seus visuais impressionantes, as atuações competentes do elenco e a ambição de contar uma história que mistura ficção científica e drama humano fazem com que o filme tenha seus méritos. É uma experiência que vale a pena para quem busca um espetáculo visual e um vislumbre do crescente impacto do cinema coreano na ficção científica global. Contudo, aqueles que procuram uma abordagem mais profunda ou inovadora podem sentir que o filme deixa a desejar, como uma promessa que, embora forte, não alcança todo o seu potencial.