“WANDAVISION” [1×07] – Reviravoltas de drama e estilo
Considerando-se os até então últimos acontecimentos de WANDAVISION, o sétimos episódio prometia reviravoltas e/ou revelações sobre para os eventos da série. Por conta disso, “Derrubando a quarta parede” consegue unir muito bem as expectativas deixadas pelo roteiro com o encontro de estilos diferentes que a produção incorpora. As consequências expansão dos poderes de Wanda para uma área maior para proteger sua família, portanto, combinam com a mistura de comédia, ação e musical do capítulo.
Dentro de Westview, os núcleos estão separados: Wanda quer passar um tempo sozinha após Visão quase sair do campo de energia nos limites da cidade; os gêmeos Billy e Tommy são levados pela vizinha Agnes para deixar a mãe deles descansar; e Visão encontra Darcy em um circo (manipulado por Wanda quando ela absorveu outros elementos do mundo exterior para sua realidade), desesperado por explicações do que ocorre. Fora da cidade, o cenário é semelhante, já que o diretor Hayward continua seus planos para controlar Visão enquanto Monica Rambeau e Jimmy Woo buscam aliados para encontrar uma solução pacífica para todos os acontecimentos.
É interessante experimentar as diferentes sensações que o capítulo propõe. Em Westview, a ideia de avançar cronologicamente no estilo das sitcoms resulta novamente em resultados interessantes, pois o momento agora é o dos programas televisivos de comédia a partir dos anos 2000. Inspirando-se, por exemplo, em “The office” (basicamente na música de abertura) e em “Modern family“, a narrativa adota a abordagem da quebra da quarta parede para emular um documentário em que os personagens falariam diretamente para a câmera. Através desse recurso, além da alternância do zoom, o humor remete a “Modern family“, ao deixar a ingenuidade em segundo plano e preferir piadas mais sarcásticas.
Já nos arredores da cidade ou em relação aos personagens de fora, o gênero ação se apresenta mais perceptível. Se o plano do diretor da S.W.O.R.D. não parece tão altruísta e valoroso como sugeria no início (algo que remete a um vilão ou, ao menos, um agente preocupado apenas com si mesmo), Monica Rambeau se enquadra no lado dos heróis ao fazer sacrifícios, evitar um confronto aberto com Wanda e procurar uma saída pacífica. Através dela, o episódio oferece duas sequências de ação visualmente significativas (a entrada forçada na realidade reescrita de Westview e a interação com Wanda) e cria um gancho estimulante para possíveis características ainda desconhecidas da agente.
A fusão de estilos narrativos e gêneros distintos, mais uma vez, se revela poderosa para os objetivos da série. Ao invés de se encaixar somente à abordagem das histórias de super-heróis, a obra parte dos conflitos dramáticos da protagonista em torno do sentimento de perda para desbravar outras realidades e sensações. E nesse capítulo específico, o paralelo entre escolhas estilísticas e desenvolvimento dramatúrgico se torna ainda mais expressivo, porque ele demonstra que o universo reescrito por Wanda não está tão firme quanto antes – em muitos momentos, o público percebe que algo errado está acontecendo e prestes a desmoronar quando detalhes dos cenários são transformados para versões mais antigas ou novas.
A percepção de que algo parece estar fora do seu lugar ocupa toda a narrativa e encontra o auge quando a tão prometida reviravolta chega. Desde o princípio de “WandaVision“, as dúvidas se a realidade de Westview seria fruto apenas dos poderes de Wanda, se algo mais poderia estar acontecendo para reescrever aquele universo e se algum vilão interferia na dinâmica dos fatos foram colocadas. E é com “Derrubando a quarta parede” que a série começa a responder essas questões e reorienta o papel de Agnes na trama para redirecionar os conflitos narrativos para outra direção. Tudo isso sem esquecer que a unidade estética da produção é uma mistura de estilos, evidenciada também nessa revelação que integra comédia, musical e alguns traços clássicos do terror.
Um resultado de todos os filmes que já viu.