48ª MICSP: RAOUL PECK VAI RECEBER O PRÊMIO HUMANIDADE DESTA EDIÇÃO DA MOSTRA
Evento também exibe o filme mais recente do cineasta haitiano, o premiado “Ernest Cole: achados e perdidos“
O Prêmio Humanidade da 48ª Mostra será concedido ao cineasta haitiano Raoul Peck. A homenagem é conferida todos os anos para destacar personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível. Peck irá receber a honraria por sua obra que combate o racismo, engajada em uma luta que não separa indignação e beleza.
O filme mais recente do cineasta também ganha sessões durante a Mostra. “Ernest Cole: achados e perdidos“, premiado como melhor documentário no Festival de Cannes, conta a história do fotógrafo sul-africano Ernest Cole (1940-1990), o primeiro a expor os horrores do apartheid para além das fronteiras da África do Sul.
Peck nasceu no Haiti, foi criado no Congo e em Nova York, educado na França e formado em Berlim. Seu pai escapou com a família do Haiti para o Congo quando começaram as sangrentas perseguições do ditador François “Papa Doc” Duvalier. A família migrou de novo após a turbulência que sobreveio ao assassinato do primeiro-ministro Patrice Lumumba. Do país africano, foram aos Estados Unidos. Na adolescência, o cineasta se mudou novamente: foi interno numa escola jesuíta em Orleans, na França. De lá, seguiu para a Alemanha, onde estudou engenharia, economia e cinema. Essa condição de permanente alteridade é refletida na filmografia do cineasta.
Os primeiros curtas de Peck, produzidos durante o curso de cinema na Alemanha, delineiam o foco político que os longas, feitos a partir de 1987, consolidaram.
É diretor, entre outros, de “O homem das docas” (1993), exibido no Festival de Cannes, “Lumumba” (2000), que estreou na Quinzena dos Realizadores, também em Cannes, e “Abril sangrento” (2005), que participou da competição do Festival de Berlim. Também ensinou roteiro e direção na Tisch School of the Arts da Universidade de Nova York e foi presidente da La Fémis, em Paris. Além disso, foi ministro da Cultura do Haiti entre 1996 e 1997.
Seu filme “Eu não sou seu negro” (2016), que tem James Baldwin como tema, foi indicado ao Oscar® de melhor documentário e ganhou o prêmio do público no Festival de Toronto e de Berlim. “O jovem Karl Marx” (2017), exibido na 41ª Mostra, foi apresentado no Festival de Berlim e “Silver Dollar Road” (2023), no Festival de Toronto. Peck é também diretor da série “Extermine todos os brutos” (2021), que investe contra a crença da história como progresso.
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